Casa do Poço Lisboa (pt)
Concluded
Date: 2024
Location: Lisboa, Portugal
Promoter: Private
Program: Single Family Housing
Area: 186.51 m2
Architecture: Ivan de Sousa, Ines Antunes
Photo: [i]da arquitectos
O lote localiza-se no Bairro da Encarnação, um bairro de pequenas moradias desenhado pelo arquiteto Paulino Montez e construído no início dos anos 40 (1940-1946) por iniciativa pública como resposta à falta de habitação na cidade.
Inserida numa das principais ruas do bairro, a moradia geminada, de tipologia T3, preserva algumas das suas características originais, como a simplicidade da fachada com poucos vãos, as cantarias, a chaminé em destaque, o telhado de 4 águas partilhado com a casa confinante e um logradouro sombreado com algumas árvores de frutos. Um “avançado” ao nível do piso 0 e um conjunto de anexos degradados nas traseiras do lote são os únicos elementos dissonantes adicionados no tempo.
Devido à diferença de cotas entre lotes, o muro de contenção tardoz, com quase 5m de altura, destaca-se pela sua dimensão.
A casa encontra-se devoluta e com alguns sinais de degradação.
Com uma distribuição longitudinal e de dimensões reduzidas, a casa possui no piso térreo uma pequena sala/hall de entrada, uma cozinha e um quarto. No piso superior localizam-se mais dois quartos e uma instalação sanitária.
Do ponto de vista construtivo, o vigamento em madeira dos pisos e da cobertura e as paredes de alvenaria em pedra são os elementos estruturais predominantes.
A elevação da casa com três degraus na entrada e um pequeno orifício na fachada revelam a existência de uma caixa-de-ar ventilada ao nível das fundações.
O logradouro encontra-se em mau estado de conservação.
A intervenção proposta traduz-se na reconstrução com preservação da fachada principal e ampliação da edificação existente por forma a dotar a habitação de melhores condições de conforto, salubridade, iluminação e cumprir as condicionantes exigidas na legislação em vigor.
O destaque entre o existente e o novo é evidenciado quer pela forma quer pela matéria.
A forma do telhado, a cércea, a cota da soleira e a fachada principal com todos os seus elementos não dissonantes, serão preservadas.
Na área ampliada, propõem-se uma cobertura plana ao nível do beirado existente por forma a diferenciar e evidenciar as duas épocas construtivas.
Com a eliminação dos anexos existentes, o muro de contenção do logradouro revela a sua importância enquanto elemento de projeto. A sua altura garante um jardim intimista e pleno de privacidade, permitindo assim desenvolver uma fachada tardoz livre e mais transparente, em contraposição às paredes resistentes em alvenaria da fachada principal.
A organização espacial dos espaços interiores tira partido da melhor exposição solar e privilegia a continuidade visual com o exterior, quer do lado da rua quer do lado jardim.
No logradouro, a tardoz, propõe-se a substituição dos anexos por um novo anexo constituído por um espaço polivalente, uma pérgula e uma área de arrumos.